segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Síndrome Metabólica

            A síndrome metabólica é caracterizada pela presença de obesidade, principalmente a abdominal (visceral), níveis elevados de pressão, dislipidemias e modificações no metabolismo da glicose pela diminuição da sensibilidade à insulina (resistência insulínica), principalmente no músculo, fígado e tecido adiposo.


 
Resistência insulínica

          A resistência à insulina é uma condição em que os tecidos não respondem mais à insulina, e portanto há supressão dos seus efeitos mais importantes, que são o estímulo para a entrada de glicose nos tecidos (músculo e adiposo) e inibição da produção de glicose pelo fígado (aumento, portanto, da gliconeogênese).

          Devido à resistência insulínica, as células ß do pâncreas aumentam a produção e a secreção de insulina como mecanismo compensatório, e inicialmente a tolerância à glicose permanece normal. Após um tempo determinado, é que se observa um declínio na secreção de insulina e, portanto, uma diminuição da tolerância à glicose, esses eventos levam ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.

 
Perfil lipídico alterado

          A insulina tem várias ações para regular o metabolismo lipídico, porém nos indivíduos obesos o mesmo não é observado, devido às alterações que ocorrem em determinadas enzimas e no metabolismo de lipídios, devido à resistência à insulina. As principais alterações do perfil lipídico são os níveis aumentados de VLDL-Colesterol, devido à maior produção de triglicérides pelo fígado e ao menor catabolismo dos mesmos; há também a redução dos níveis e do tamanho de HDL-colesterol, devido à diminuição da fração de HDL-C2 e ao maior catabolismo pela concentração de triglicérides nestas partículas. E partículas de LDL-Colesterol se tornando menores, mais densas e mais ricas em apolipoproteína B. Tais alterações são conhecidas como dislipidemias.

 
Hipertensão arterial

           A hiperinsulinemia também está relacionada com o desenvolvimento da hipertensão, e isso acontece por desencadear o aumento da reabsorção renal de sódio e água; a ativação do sistema nervoso simpático, elevando a pressão nas artérias e freqüência cardíaca; a diminuição da atividade da enzima Na+- K+ -ATPase e o aumento do acúmulo de cálcio celular e o estímulo de fatores de crescimento.


           Na obesidade abdominal, a atividade lipolítica celular está aumentada, ocorrendo uma maior liberação dos ácidos graxos livres (AGL) na veia porta, esses AGL podem aumentar a pressão arterial, não somente pelo aumento da vasoconstrição, mas também pela diminuição do reflexo de relaxamento vascular.

 
Inflamação e alterações trombogênicas

 


           A hiperinsulinemia e o acúmulo de gordura abdominal também estão interligados a um perfil trombogênico e inflamatório. O tecido adiposo visceral é fator determinante para concentrações aumentadas de fibrinogênio e do inibidor do ativador do plasminogênio 1, os quais são componentes do processo de coagulação. Isso é explicado pelo tecido adiposo visceral, que secreta adipocinas, principalmente interleucina 6, fator de necrose tumoral alfa e proteína C, sendo esses responsáveis por respostas inflamatórias, onde há uma maior formação de trombos, aumentando o risco de trombose.

 
Terapia nutricional

          A genética, o sedentarismo, o tabagismo, o ganho de peso progressivo e uma dieta rica em açúcares, gorduras saturadas e pobre em fibras contribuem para o desenvolvimento da síndrome metabólica. Por isso a terapia nutricional para portadores de síndrome metabólica deve ser feita através do consumo de alimentos com baixo teor de gordura saturada e ácidos graxos trans, ingestão de alimentos com baixo índice glicêmico e com quantidades adequadas de fibras e baixo teor de sódio. Além disso, é necessário a prática regular de atividades físicas para diminuir o ganho de peso.

                    
                                                                     Post: Priscilla Dantas

Referências

MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo. Bioquímica Básica. 7 ed . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007

SANTOS, Cláudia; PORTELLA, Emilson; AVILA, Sonia; SOARES, Eliane. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev. Nutr., Campinas, 19(3):389-401, maio/jun., 2006.

OLIVEIRA, Cecília Lacroix; MELLO, Marco Túlio; CINTRA, Isa de Pádua; FISBERG, Mauro - Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência. Rev. Nutr., Campinas, 17(2):237-245, abr./jun., 2004

Um comentário: