sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Câncer de Cólon e Obesidade

          O câncer é um importante problema de saúde pública mundial e que representa cerca de 12% da taxa de mortalidade.Trata-se de uma multiplicação descontrolada de células onde sua função se compromete e pode se disseminar por todo o organismo (metástase), entretanto é uma doença multifatorial, em que a predisposição ambiental, em pequenas doses durante um grande espaço de tempo, aliado à genética podem contribuir para seu surgimento.

           Em associação à obesidade, tem-se o câncer de colorretal. Encontram-se entre as cinco primeiras causas de morte por câncer na população brasileira. As maiores incidências deste câncer ocorrem no Sul e Sudeste, mostrando que a situação financeira também está relacionada com os tipos de câncer predominantes.


 

            Os mecanismos que associam a obesidade com a tendência de desenvolver câncer envolvem os efeitos hormonais e metabólicos da obesidade e as conseqüentes alterações induzem na produção de peptídeos e hormônios esteróides. Nesse contexto, destacam-se a hiperinsulinemia crônica (aumento na síntese de insulina), alteração da secreção de hormônios esteróides sexuais e esteatohepatite (fígado gorduroso) não alcoólica.

        A hiperinsulinemia crônica pode resultar em um câncer de cólon pela presença de receptores de insulina nas células (pré) neoplásicas, estimulando o crescimento. Ou através de mecanismos que ocasionam a resistência à insulina como, por exemplo, a inflamação crônica subclínica com o aumento do TNF-alfa, que agiria como agente promotor do crescimento do tumor.

      O aumento do tecido adiposo pode causar alterações dos hormônios esteróides sexuais através de alguns mecanismos:

• aumentando a conversão de hormônios andrógenos para estrógenos;

• ocasionando a redução da síntese da globulina carreadora de hormônios esteroidais (SHBG) ;

• aumentando a biodisponibilidade dos estrógenos.

         A esteatopatite não alcoólica é uma lesão no fígado causada pela deposição de lipídios por fatores que não estão relacionados ao consumo de álcool e está associada com a resistência à insulina (quadro comum em obesos). Como resultado deste, há uma maior síntese e retenção de triglicérides no hepatócito, acrescentado ao stress oxidativo provocando agressões que levam a esta patologia... Ler mais no post de Doenças hepáticas.
        Uma dieta rica em gordura saturada e pobre em fibras estariam favorecendo o desenvolvimento de um tumor em indivíduo predisposto geneticamente.

 
Alimentos e suas correlações com câncer de cólon:

Óleos: poderiam estar relacionados à maior indução da secreção biliar e à formação de produtos metabólicos provenientes da digestão dos lipídios;

Gorduras de origem animal: o consumo de carnes, particularmente a carne bovina, ocasionaria um maior risco para esta neoplasia;

Cereais refinados: segundo alguns estudos, uma característica do perfil alimentar que apresenta relação com elevadas taxas de mortalidade por câncer de cólon/reto é a ingestão de grande quantidade de arroz e pão brancos, batatas e massas refinadas.

        Essa breve lista de alimentos fazem parte da maioria das dietas dos obesos e a intersecção entre eles: baixo teor de água e fibra alimentar e muita caloria. Resultados fisiológicos: hemorróidas, prisão de ventre e até mesmo, o temido câncer de cólon.

        Sabe-se que para um bom funcionamento do intestino, se faz necessário uma dieta balanceada, com a presença de frutas, verduras e leguminosas, principais fontes de fibras, um componente essencial para a proteção do câncer de cólon.

        As fibras auxiliam no trânsito intestinal e aumentam o volume do bolo fecal com a finalidade de eliminar substâncias que não foram absorvidas pelo organismo, tais substâncias, se ficarem acumuladas por muito tempo, podem ser tóxicas ao organismo e quanto maior o intervalo de tempo para eliminação das fezes, mais água é reabsorvida e mais elas ficam ressecadas, podendo causar desconforto ao evacuar. E também pode ser uma das causalidades do câncer colorretal. E juntamente com o consumo de fibras, também deve estar presente uma ingestão considerável de água.


         Além das fibras, podemos contar com outros aliados à dieta: os antioxidantes. Eles conferem proteção ao evitar o estresse oxidativo dos ácidos nucléicos e outros compostos celulares. Alguns estudos epidemiológicos têm mostrado que uma boa ingestão antioxidantes, por meio de frutas, verduras e legumes influencia os níveis plasmáticos dos mesmos e a capacidade de prevenção contra esse tipo de câncer.

          Evidentemente, não apenas o consumo de determinados alimentos vai ser a causa de um câncer, já que se trata de uma doença multicausal, outros fatores de risco, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer) que podemos enunciar são: idade acima de 50 anos; história familiar de câncer de cólon e reto; história pessoal pregressa de câncer de ovário, endométrio ou mama; dieta com alto conteúdo de gordura, carne e baixo teor de cálcio; obesidade e sedentarismo.

          Indivíduos acima de 50 anos com anemia de origem indeterminada e que apresentam a suspeita de perda crônica de sangue no hemograma, devem realizar endoscopia gastrointestinal superior e inferior. Outros sintomas que podem ocorrer são dor abdominal, massa abdominal, melena, constipação, diarréia, náuseas, vômitos, fraqueza e tenesmo (sensação contínua de dor e vontade de evacuar).

                                                                             Post: Karen Carolina

 
Referências Bibliográficas:
CARVALHEIRA,J.; SAAD, M. Doenças Associadas à Resistência à Insulina/Hiperinsulinemia, Não Incluídas na Síndrome Metabólica. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia,2006.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S000427302006000200022&script=sci_arttext&tlng=es . Acessado em 03 jan. 2011.
GUERRA, M.; GALLO,C.; MENDONÇA, G. Risco de Câncer no Brasil: Tendências e Estudos Epidemiológicos Mais Recentes. Revista Brasileira de Cancerologia, 2005.  Disponível em: http://www.eteavare.com.br/arquivos/81_392.pdf Acessado em 03 jan. 2011;
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Câncer Colorretal.
Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home. Acessado em 03 jan. 2011;
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