Pergunta do Grupo do Envelhecimento para o Grupo de Obesidade:
A redução da leptina circulante, de acordo com o que foi citado na apresentação, pode estar associada à quantidade das horas de sono. Hoje, o uso de “drogas” e energéticos para manter-se acordado é cada vez mais intenso, então nesses casos como é o comportamento quantitativo da leptina, já que essas “drogas” funcionam como estimulantes do metabolismo, e esse comportamento é o mesmo nos obesos?
Apesar de possuir efeitos adversos ao organismo, ainda existem muitos usuários de anfetaminas, principalmente por indivíduos obesos e pessoas que necessitam manter-se acordadas, como motoristas. Segundo o Observatório Brasileiro de Informações e Drogas, as anfetaminas são drogas sintéticas de efeito estimulante da atividade mental. Comercializadas na forma de medicamento como o fenproporex, metilfenidato, manzidol, metanfetamina e dietilpropiona, mas também é usada de forma ilícita, metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecida por “êxtase”. O uso clínico mais comum dessa categoria de substâncias é como moderador de apetite, recomendado para quadros de obesidade mórbida, por se tratar de uma substância que provoca dependência. Outro uso clínico comum é em pacientes diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. As anfetaminas também são conhecidas como “Rebite” pelos motoristas que precisam dirigir várias horas seguidas sem descansar, sendo ingeridas, neste caso pelo seu efeito de inibição do sono. Já entre os estudantes, é conhecida por “bola”, e é também utilizada para inibição de sono com objetivo de passar a noite inteira estudando.
Atuam aumentando a liberação e o tempo de ação de neurotransmissores, principalmente a noradrenalina e dopamina. Quando a anfetamina entra em contato com o terminal axônico são liberadas doses excedentes desses neurotransmissores provocando uma resposta mais forte.
No sistema nervoso central produz, de imediato, uma sensação de alerta, insônia, diminuição da fadiga, aparente melhoria de capacidade de memorização, de aprendizado e de euforia. Ao mesmo tempo, diminuem o apetite e a ingestão de líquidos. Em determinados indivíduos a autoconfiança, a atividade motora e a comunicação são aumentadas.
A anfetamina facilita a liberação de noradrenalina e inibe a sua recaptação da mesma forma que faz com a dopamina, “despertando” a pessoa. Também diminuem o apetite aparentemente, porque atuam no hipotálamo ventrolateral, facilitando a liberação de noradrenalina que estimula vias catabólicas, como a lipólise, atuando sobre os receptores beta-adrenérgicos e dependente da atividade da enzima lipase hormônio-sensível (LHS) inibindo a ingestão de alimentos.
A leptina age em locais específicos no SNC, em particular nos núcleos arqueado (ARC), ventromedial e dorsomedial do hipotálamo, inibindo o consumo alimentar e estimulando o gasto energético. Essas regiões no hipotálamo contêm dois tipos de neuropeptídeos com ações opostas, dependendo dos níveis de leptina. A ativação do primeiro tipo, denominados neurônios orexígenos, ocorre com níveis baixos de leptina e promove a síntese e liberação do neuropeptídeo Y (NPY) e do peptídeo relacionado à proteína Agouti (AgRP), levando ao estímulo do apetite e redução da termogênese.
A ativação do segundo tipo, denominados anorexígenos, ocorre com níveis altos de leptina e liberam hormônios estimulante dos melanócitos α (α-MSH), produzido a partir do precursor pró-opiomelanocortina (POMC), hormônio liberador da corticotrofina (CRH) e o peptídeo transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART), levando á diminuição do estímulo do apetite e aumento da termogênese. Esses neurônios estão conectados com outros no núcleo do trato solitário (NTS), que por sua vez transmitem os sinais para o corpo.
A leptina possui maior liberação em pulsos durante o período do sono, principalmente na fase REM. Em indivíduos que sofrem insônia, a liberação de leptina em pulsos fica comprometida, diminuindo sua atuação. Em indivíduos obesos, os níveis séricos de leptina são proporcionais à sua massa e tecido adiposo, e portanto não sofrem de uma deficiência de leptina, mas sim uma resistência aos efeitos dela. Por isso, ocorre um quadro de níveis elevados desse hormônio para que seus receptores possam inibir o apetite ou uma insuficiência do seu sistema de transporte.
Referências:
Leptina para o controle do apetite. Disponível em:
Anfetaminas.Disponível em:
Penido,A. Toxicilogia, Módulo: Anfetaminas. Disponível em: