quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Obesidade na Infância



          A infância é um período marcado por diversas mudanças físicas, psicológicas, sociais, fisiológicas e cognitivas, e a alimentação adequada é essencial para que essas mudanças possam ocorrer de forma saudável. Nesse estágio de vida, há riscos como a desnutrição, quando há ingestão de um número limitado de alimentos e dieta pobre em nutrientes, ou obesidade, em que a criança encontra-se acima de seu peso corpóreo adequado, e tem excesso de gordura corporal.


            A prevalência crescente de sobrepeso e obesidade em crianças é um problema de saúde pública alarmante, onde segundo a Pesquisa Nacional de Avaliação de Nutrição e Saúde, o sobrepeso é avaliado em 17,1% em crianças de 2 a 5 anos de idade, e risco de obesidade em 33,6%. Esses números continuam a crescer em cada década, principalmente em crianças norte-americanas.


          Essa fase é o momento em que as crianças formam seus conceitos sobre alimentos e cardápio, onde desenvolvem o paladar, e estabelecem o que é gostoso, o que é ruim, amargo, doce, azedo ou salgado. E, portanto, constroem hábitos que, muitas vezes, duram a vida toda. A ingestão energética elevada por parte das crianças incluem fatores como o fácil acesso a estabelecimentos de refeição e alimentos (fast-foods, sorveterias, pizzarias, mercados e padarias), além de refeições associadas a atividades de prazer, como festinhas infantis, onde mesas de doces e guloseimas convidativas estão por toda parte. Além desses fatores, está como forte influenciadora a família, que oferecem refeições cheia de frituras, massas, doces, esquecendo-se dos vegetais e frutas. Os hábitos dos pais, em muitos casos, influenciam muito as escolhas alimentares da criança.

            A inatividade é também um fator importante no desenvolvimento da obesidade, resultante da prática de assistir televisão várias horas por dia, uso do computador, jogos eletrônicos e entre outros, impedindo que as crianças brinquem livremente na rua com jogos que necessitem de movimentação física e levem a um gasto energético.


            O sobrepeso na infância não é uma condição saudável como muitos pensam, em que a criança “gordinha” é mais saudável, está mais nutrida, é mais bonita e crescerá mais que as outras. Quanto mais tempo a criança estiver com sobrepeso, mais provável é que o mesmo continue na adolescência e na fase adulta, pois crianças obesas exibem um número significativamente maior de células adiposas do que seus pares não-obesos da mesma idade e esse número pode persistir durante a vida adulta.

           Deve-se considerar que a criança encontra-se em desenvolvimento e algum peso em excesso pode ser o ganho final de cada fase da infância, por exemplo, o lactente que engatinha com um ano de idade e o pré-púbere podem pesar mais devido ao desenvolvimento e fisiologia, mas essa condição não é permanente. Normalmente acontece o rebote de adiposidade de crescimento em crianças entre 4 e 6 anos de idade, porém crianças cujo esse rebote acontece antes dos 5 anos e 6 meses têm maiores chances de desenvolverem obesidade na infância e adolescência.

             As conseqüências do sobrepeso na fase da infância para saúde são fatores de risco cardiovascular como dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica e hiperinsulinemia, levando a futura diabetes mellitus tipo 2, tais fatores podem causar forte impacto na fase adulta e ocorrência de outras Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT´s). Além desses problemas há a discriminação pelos outros, dificuldades pisicossocias, distorção da autoimagem e depressão.




       Estratégias são importantes para o tratamento da obesidade nessa fase, como a educação nutricional, onde há informações nutricionais e modificações nas refeições, como substituição de produtos industrializados por outros mais naturais, de frituras por assados, guloseimas por frutas, porém de forma estratégica, onde tais alimentos são apresentados com aspecto saboroso, colorido e de paladar agradável. É importante também o apoio familiar, em que os pais oferecem alimentos saudáveis, atividades de lazer que envolva gasto energético, redução nos comportamentos sedentários e ambientes motivacionais para estabelecimento de uma correta autoimagem por parte da criança.



                                                                             Post: Priscilla Dantas

 

Referências:

L.K & ESCOTT-STUMP, S. Krause – Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12ª Ed. Editora Elsevier, 2010.

OLIVEIRA, Cecília Lacroix; MELLO, Marco Túlio; CINTRA, Isa de Pádua; FISBERG, Mauro - Obesidade e síndrome metabólica na

infância e adolescência. Rev. Nutr., Campinas, 17(2):237-245, abr./jun., 2004

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