domingo, 26 de dezembro de 2010

Obesidade na Fase Adulta

            Nos últimos posts foram relatados diversos fatores que a obesidade traz consigo nas diversas fases, e agora iremos falar sobre a ocorrência da mesma na fase adulta. Sabe-se, que a obesidade pode ser fruto de um sobrepeso durante a infância e/ou adolescência que se perdura até a fase adulta quando o indivíduo não toma devidas atitudes a fim de controlar o peso. Sabe-se, também, que os fatores como a globalização, que tem tornado os indivíduos mais sedentários por exemplo, a transição nutricional, ou seja, o quadro alarmante da desnutrição substituído pela obesidade como conseqüência do crescimento econômico que inclui o Brasil, fatores culturais e socioeconômicos. De acordo com estudos epidemiológicos, tais fatores também contribuem para uma maior porcentagem de indivíduos adultos obesos.

Transição Nutricional e Fatores Socioeconômicos

        Ao longo dos estudos epidemiológicos de vários países, pôde-se observar que a obesidade não é mais algo que possa ser correlacionado somente com os países desenvolvidos e desnutrição, mas com os países em desenvolvimento. Verifica-se que mesmo os países mais ricos, existe uma população com classes sociais variadas e isso também contribui para uma maior ou menor proporção de pessoas obesas ou desnutridas.

 

         Da mesma forma, pode-se fazer comparações quando se relaciona a proporção de indivíduos adultos com sobrepeso ou obeso de acordo com a região. Ao comparar o Nordeste com o Sul do Brasil, por exemplo, pode-se observar que no Sul há uma maior porcentagem da população urbana acima do peso que no Nordeste.

         Resultados evidenciam, entre outros aspectos, que a desnutrição infantil mostra-se controlada mesmo em níveis sociais de menor renda familiar, enquanto a obesidade em mulheres tem altas prevalências, mesmo em famílias situadas abaixo da linha da pobreza absoluta (renda mensal per capita de menos de um quarto de salário mínimo).
Outro fator que foi constatado durante os estudos é que o nível de instrução, de poder aquisitivo e conhecimento sobre os prejuízos para a saúde acarretados pela obesidade também são relevantes, pois observou-se que o grupo de mulheres adultas que tinham mais informação, maior nível de instrução e melhor poder aquisitivo apresentava menor incidência de obesidade.


Globalização

           Uma possível causa da prevalência da obesidade no nosso país poderia ser a reprodução de uma dieta norte-americana: hiperlipídica, hiperprotéica e hiperglicídica, sendo esta a denominada ocidentalização nos padrões nutricionais. Estudos realizados com mulheres obesas brasileiras demonstraram que mais de 30% do total calórico ingerido por esta população era proveniente de lipídios.


            A tendência no aumento da obesidade parece ocorrer paralelamente à redução na prática de atividade física e aumento no sedentarismo. O hábito de praticar atividade física é influenciado na criança pelos pais e, quando desenvolvidos nessa fase, tendem a se manter do mesmo modo até a fase adulta. E isso também pode valer para os hábitos alimentares, que são formados principalmente pelo o que se oferece à criança em casa.

 

Figura 1. Distribuição aproximada dos principais contribuintes do gasto energético diário relativo a um adulto sedentário (ETA: efeito térmico dos alimentos). FONTE: adaptação de Ravussin e Swinburn 1992 In: Pereira et al



           Uma redução natural no gasto energético é observada com a modernização, ocasionando estilo de vida mais prático do ponto de vista de gasto energético, e sedentário com transporte motorizado e uso de equipamentos mecanizados que diminuem o esforço físico de homens e mulheres tanto no trabalho como em casa. Foi demonstrado que cortar grama com as mãos gastava aproximadamente 500 kcal/h, enquanto, com a utilização de cortadores elétricos de grama, o gasto diminuiu para 180kcal/h, lavar as roupas no tanque consumia aproximadamente 1500 kcal/dia enquanto usar a máquina de lavar requer apenas 270 kcal/2h para a mesma quantidade de roupas.
 
 

          De acordo com alguns autores, as causas do aumento significativo da obesidade nos últimos 20 anos são predominantemente ambientais, com componente genético contribuindo de maneira reduzida e essa decorrente transição nutricional mostra que de fato a obesidade é um problema de Saúde Pública e o Estado precisa criar Políticas Públicas de Saúde voltadas para isso, divulgar de forma mais assídua a fim de que alcance todos os níveis sociais e se promova uma alimentação saudável.

                                                      
                                                                        Post: Karen Carolina

Bibliografia

 

GIGANTE, D.; COSTA, J.; OLINTO, M.; MENEZES, A.; MACEDO, S. Obesidade da População Adulta de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil e Associação com o Nível Sócio-Econômico. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v22n9/11.pdf Acessado em 22 dez. 2010;

 

MONDINI, L.; MONTEIRO,C. Relevância Epidemiológica da Desnutrição e da Obesidade em Distintas Classes Sociais: Métodos de Estudo e Aplicação à População Brasileira. Revista Brasileira de Epidemiologia, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v1n1/04.pdf Acessado em 22 dez. 2010;

 

PEREIRA,L.; FRANCISHI, R.; LANCHA JR.,A. Obesidade: Hábitos Nutricionais,Sendentarismo e Resistência à Insulina. Revista Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302003000200003&script=sci_arttext&tlng=in Acessado em 22 dez. 2010.

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