terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Consequências da Obesidade na Gestação

           
           Mulheres obesas antes da gravidez ou como conseqüência da gestação possuem chances aumentadas de complicações, abaixo estão citadas algumas:

           Diabetes gestacional: o aumento da produção de hormônios pela placenta interfere a ação da insulina materna. Para isso o próprio corpo compensa o desequilíbrio, aumentando sua produção. Mas algumas mulheres desenvolvem um tipo de hiperglicemia caracterizando a diabetes gestacional. Entretanto, o excesso de peso aumenta o risco da intolerância à glicose em gestantes. Mesmo em mulheres com sobrepeso moderado a incidência de diabetes gestacional é de 1,8 a 6,5 vezes maiores do que naquelas com peso normal, além disso afeta diretamente o tamanho do feto. O tratamento pode ser feito através de dietas ou insulinoterapia, mais comum em mulheres obesas.
              Quando o diabetes complica o curso da gravidez, a criança está predisposta a desenvolver sobrepeso e obesidade na infância, especialmente no caso de alto peso ao nascer.

               Sistema cardiovascular: aumento da pressão arterial e alteração da função cardíaca. Quando o sobrepeso é moderado já são maiores as chances de ocorrer hipertensão e pré-eclâmpsia. Em mulheres obesas, a incidência de hipertensão é 2,2 a 21,4 vezes maiores do que em mulheres com peso normal, e a pré-eclâmpsia ocorre de 1,22 a 9,7 vezes mais freqüentemente.
              Pré- eclâmpsia é caracterizada por hipertensão (aumento da pressão arterial), edema (retenção de líquido) e proteinúria (presença de proteína na urina). A eclâmpsia é uma extensão da pré-eclâmpsia e ocorre próximo ao momento do trabalho de parto, podendo ocorrer também no pós-parto.


            Partos cesarianos: complicações pré-parto devido a obesidade são responsáveis pelo aumento desta taxa, tais como desproporção da criança por seu tamanho aumentado (macrossomia), perigo de morte para os dois e interrupção do trabalho de parto induzido. Riscos anestésicos e pós-operatórios são também altos em pacientes obesas, e a obesidade excessiva aumenta o tempo de operação total e a perda de sangue.
Mães obesas têm filhos grandes para a idade gestacional 1,4 a 1,8 vezes mais freqüentemente do que mães com peso normal, sendo estes bebês mais propensos a tornarem-se obesos no futuro.


            Anormalidades congênitas: aumento de 35% na incidência das principais malformações congênitas (defeitos no tubo neural) quando as mães estão com sobrepeso e 37,5% quando eram obesas. A ingestão adequada de folato (vitamina B9) é utilizada como prevenção em gestantes com peso normal, mas quando obesas necessitam de quantidades maiores dessa vitamina para os mesmos resultados.

           A incidência de morte perinatal de bebês de mulheres obesas excede a de mulheres com peso normal em 2,5 a 3,4 vezes. Além disso, o ganho de peso gestacional excessivo pode aumentar a obesidade materna. É importante lembrar que fatores genéticos também têm um grande papel no desenvolvimento da obesidade nos filhos de mães com sobrepeso.
          Mais uma vez está comprovado que estar acima do peso não é sinônimo de saúde. Vamos conhecer agora algumas razões para priorizar uma alimentação saudável contribuindo para o sucesso na gestação:
           Estima-se a necessidade de 80000 calorias para formação do feto e anexos fetais, ou seja, recomenda-se 300kcal (10% ou 15%) à dieta normal no segundo e terceiro trimestre para uma mãe com peso normal. Lembrando que essa demanda é influenciada pelo peso pré gravídico, quantidade e composição do ganho de peso, estágio da gravidez e atividade física. Para mães obesas ou com sobrepeso é necessário maior atenção médica e nutricional.
        Já na formação do embrião é exigido produtos da quebra da glicose (metabolismo de carboidratos) com fonte de energia, o piruvato. Posteriormente, ainda dentro da barriga da mãe a criança utiliza glicose como fonte de energia. O metabolismo de carboidratos atua diretamente na prevenção do retardo de crescimento intra uterino (RCIU).
          Os ácidos graxos estão envolvidos na formação de estruturas útero- placentárias, no desenvolvimento de sistema nervoso central do feto e da retina da criança desde sua vida intra-uterina, relacionando-se, então, com sua capacidade de aprendizagem e acuidade visual.
           Os níveis de triglicerídeos aumentam de duas a três vezes na medida em que a gestação evolui para o terceiro trimestre. O colesterol aumenta por volta de 43% em decorrência do aumento da demanda de precursores para processos anabólicos.
           A necessidade de proteínas durante a gestação eleva- se para 60g diárias, sendo que 60% são utilizadas pelo feto e placenta e 40% em tecidos maternos. Tudo isso para atender o aumento da demanda para produção de novos tecidos e maior gasto energético, em função da massa corporal aumentada.
           Pesquisas comprovam que a massa magra, massa adiposa e a idade gestacional se correlacionam com a massa magra e adiposa do recém nascido, sendo a massa magra materna a que mais influencia ambos os compartimentos. O ganho de peso materno até o final da gestação deve privilegiar o ganho de massa magra para melhorar o crescimento fetal. Conseqüentemente gera exige quantidade de água, seu componente proporcional mais importante, pois o volume plasmático e fluido uteroplacentário estão aumentados para maior suprimento de nutrientes e oxigênio.

              Comparando-se as necessidades dos micronutrientes cálcio, fósforo, vitamina D e vitamina E para gestantes e mulheres adultas, percebe-se que estas permanecem com os mesmos valores. Já as vitaminas do complexo B, Tiamina, Riboflavina, Vitamina B6, B3 e B12, têm suas necessidades aumentadas entre 30 e 40%. Este aumento é justificado pela maior ingestão de energia e proteínas, uma vez que estas vitaminas atuam como cofatores no metabolismo dos macronutrientes. As necessidades de folato, ferro, zinco, iodo, selênio, vitamina A e vitamina C também são aumentadas.

              Deficiências de zinco, cobre, magnésio, ferro, ácido fólico e iodo podem estar associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-eclâmpsia, ruptura prematura de membranas, parto prematuro e alta incidência de bebês com baixo peso.

                                                                                                             Post: Aline Fialho

Referências:

SILVA, K. E. A; CAPRILES, V. D. Gravidez de alto risco: impacto da obesidade materna na evolução da gravidez e repercussões sobre o concepto. Disponível em < http://www.nutrociencia.com.br/.../%20obesidade%20e%20gravidez%20de%20alto%20risco.doc> Acesso em dezembro de 2010.

Lucyk, J. M.; Furumoto, R. V. Necessidades nutricionais e consumo alimentar na gestação: uma revisão. Com. Ciências Saúde. 2008;19(4):353-363. Disponível em < http://www.fepecs.edu.br/revista/Vol19_4art07.pdf>.

Ribeiro, L. C.; Devicenzi, M. U.; GARCIA, J. N.; SIGULEM, D. M. Nutrição e Alimentação na Gestação. Compacta Nutrição, PNUT/EPM, São Paulo, v 3 nº 2 agosto 2002. Disponível em www.pnut.epm.br/Download_Files/CompactaNutGest.pdf.

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